O valor espiritual do sal, elemento citado por Jesus
- Quarta-Feira, 16 Julho 2025
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Pouca gente sabe, mas o sal já foi tão valioso que deu origem à palavra “salário”. Para quem não conhecia essa curiosidade, vale explicar: o termo vem do latim salarium, que significa “pagamento com sal”.Na Roma Antiga, o sal era considerado um recurso de enorme valor, utilizado tanto na conservação de alimentos quanto como moeda de troca em diversas transações. Sua importância era tamanha que influenciou práticas sociais e econômicas da época.Embora não haja provas de que soldados romanos eram pagos exclusivamente com sal, o historiador Plínio, o Velho – apelidado de “apóstolo da ciência romana” – registrou que o sal era oferecido como honraria após batalhas bem-sucedidas. Tratava-se de uma forma simbólica de recompensa pelo desempenho militar e pelo êxito nos conflitos.Com o tempo, o termo passou a representar qualquer tipo de remuneração, assumindo o significado que conhecemos hoje. Além do valor econômico, o sal também adquiriu um profundo simbolismo espiritual.A Bíblia contém diversas passagens em que o sal é mencionado. Segundo alguns estudiosos, o livro de Jó teria sido o primeiro escrito das Escrituras, antecedendo cronologicamente o livro de Gênesis. Se essa teoria estiver correta, o sal pode ser considerado um dos elementos mais antigos citados na narrativa bíblica.Em Jó 6:6, o personagem que dá nome ao livro questiona sobre o sabor dos alimentos sem sal: “Comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá sabor na clara do ovo?”Desde os tempos antigos, é visto como algo puro e permanente, tendo um significado espiritual importante.No culto judaico, todas as ofertas tinham que ser temperadas com sal, chamado de "sal da aliança de Deus" (Levítico 2:13; Marcos 9:49). As ofertas sagradas destinadas aos sacerdotes também recebiam o nome de "aliança eterna de sal".Há ainda registros de que Deus deu o reino a Davi através de uma aliança de sal, destacando a durabilidade e a pureza dessa aliança (Números 19:18; 2 Crônicas 13:5).O sal foi amplamente citado na Bíblia por suas propriedades:- Preservação: O sal impede a deterioração – uma metáfora para a ação dos cristãos em proteger a verdade e os valores divinos em meio à corrupção do mundo.- Purificação: Era usado em sacrifícios e rituais, simbolizando pureza e consagração espiritual.- Aliança: O chamado "pacto de sal" representava durabilidade e compromisso eterno entre Deus e seu povo (veja Números 18:19).- Valor: Historicamente precioso, o sal remete ao valor da fé e da conduta cristã íntegra.- Influência: Ao temperar, o sal muda a natureza do alimento – assim como o cristão deve transformar e impactar o ambiente à sua volta.Jesus chamou seus seguidores de "sal da terra", mostrando que todos nós temos um papel importante em trazer sabor e propósito à vida. Assim como o sal realça o sabor dos alimentos, somos chamados a preservar a verdade, influenciar com sabedoria e cumprir nossa missão.“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mateus 5:13).Nesse sentido, precisamos fazer algumas reflexões:- Como cristãos somos o sal que conserva o mundo. Nossa influência tem sido perceptível?- Se somos o sal da terra, será que estamos deixando um sabor de pureza por onde passamos? O sal não precisa ser visto para ser sentido – assim também deve ser nossa fé: discreta, mas transformadora.- Nossas palavras e atitudes refletem a aliança com o Rei (Esdras 4:14)? São elas temperadas com sal – marcadas pela santidade, equilíbrio e edificação, como testemunho da nossa fé? Adriana Bernardo (@adrianammbernardo) é jornalista, escritora e idealizadora do grupo feminino cristão “Amigas de Deus”. Professora de Teologia e Aconselhamento. Casada com Bene Bernardo, é mãe de Raphael, Aline e Guilherme, e avó de Raquel, Daniel e Júlia.* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.Leia o artigo anterior: ‘Mortezinha’: A banalização da vida de quem não gostamos ou odiamos